Transtornos >

Transtornos alimentares

De início, antes de ser abordada, especificamente, a questão dos transtornos alimentares, é válido delimitar, resumidamente, do que se trata um transtorno mental, uma vez que os transtornos alimentares são um dos tipos de transtornos mentais.

Assim, para que se possa considerar um transtorno mental, é necessário que alguns critérios sejam delimitados: perturbação clinicamente significativa na cognição, na regulação emocional ou no comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção nos processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento subjacentes ao funcionamento mental (DSM-5, p. 20). Ou seja, um transtorno mental está essencialmente relacionado a um prejuízo que perdura, vivenciado pelo indivíduo nos vários âmbitos de sua vida (pessoal, social, profissional, dentre outros) e, consequentemente, tal prejuízo é vivenciado com sofrimento.

Imagem Transtornos alimentares

Por fim, é fundamental destacar que os transtornos mentais devem ser considerados a partir do contexto cultural de cada sujeito, tendo em vista que, o que é tido como patológico em determinada cultura pode não ser assim experienciado em outra. Ainda, a cultura proporciona estruturas de interpretação que moldam a experiência e a expressão de sintomas, sinais e comportamentos que são os critérios para o diagnóstico (DSM-5, p. 14).

A partir desta breve explanação sobre transtornos mentais, pode-se demarcar o que são os transtornos alimentares. Primeiramente, estes transtornos possuem etiologia multifatorial. Ou seja, são determinados por vários fatores que se relacionam entre si: fatores de personalidade, genéticos, sócio-culturais, ambientais, etc. Além disso, os transtornos alimentares são identificados predominantemente nos indivíduos de sexo feminino, porém, há também ocorrência no sexo masculino. Seu estabelecimento se dá majoritariamente na adolescência e idade adulta, podendo, também, estabelecer-se durante a infância.

Ainda com base no DSM-5, encontra-se que tais transtornos são marcados por perturbação persistente na alimentação ou nos comportamentos associados à alimentação. Esta perturbação culmina no prejuízo da absorção ou do consumo dos alimentos e, consequentemente, no prejuízo da saúde física e/ou psicossocial do indivíduo.

Existem diversos tipos de transtorno alimentar (como por exemplo: pica; bulimia nervosa; anorexia nervosa; compulsão alimentar; transtorno alimentar evitativo; dentre outros), mas, em todos eles, há predominância dos prejuízos supracitados. A respeito do comprometimento psicossocial vivenciado pelo indivíduo com transtorno alimentar, é possível destacar o sofrimento significativo (que inclui, em geral, a dificuldade do indivíduo em compartilhar tal sofrimento; muitas vezes sentindo vergonha de seus comportamentos ou de sua imagem corporal [no caso da bulimia e da anorexia]; além de outras incidências) com importante destaque para o aumento da possibilidade de ideação/tentativa de suicídio.

Finalmente, é relevante apontar as possibilidades de tratamento para os transtornos alimentares, frisando-se a importância de um tratamento multiprofissional, o qual possa atentar-se para as diversas implicações desses transtornos (nutricionais, físicas, psicológicas, psiquiátricas, sociais). Dessa forma, profissionais médicos, psicólogos, nutricionistas tornam-se essenciais neste tratamento.

 

Autoras
Julia Rangel Silva
Marília Querino Fernandes

 

Referência bibliográfica
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM – 5. Porto Alegre: Artmed, 2014.