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Transtorno de sintomas somáticos

Os transtornos de sintomas somáticos se caracterizam pela manifestação repetida de sintomas múltiplos, cuja avaliação clínica, por vezes de diversos especialistas e com base em inúmeros exames, não revela doença física. O paciente solicita a avaliação médica constantemente e fica desconfiado quando lhe revelam que não sofre de doença física alguma.

O paciente traz queixas de sintomas vistos como os mais simples e comuns, até os mais inusitados, tais como dores de cabeça que não passam, diarreias frequentes, palpitações, tonturas e desmaios, falta da libido, a insustentada ereção, tiques, gagueiras, perda da voz, quedas de cabelo, surdez, insônia, perda de peso e até mesmo paralisia de membros.

Imagem Transtorno de sintomas somáticos

Ainda que seja detectado algum problema clínico, este não explica a permanência dos sintomas e a inquietação do paciente, o qual resiste muitas vezes em estabelecer uma relação causal com conflitos emocionais, situações desagradáveis e/ou traumáticas, mesmo quando há uma clara relação temporal entre elas. Pacientes com transtorno de sintomas somáticos tendem a manifestar níveis muito elevados de preocupação a respeito de doenças e com frequência pensam o pior a respeito da própria saúde. As preocupações podem assumir um papel central na vida da pessoa, tornando-se um traço da sua identidade e prejudicando as relações interpessoais.

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª edição, uma série de fatores pode contribuir para o transtorno de sintomas somáticos: vulnerabilidade genética e biológica, experiências traumáticas precoces e aprendizagem, bem como normas culturais/sociais que desvalorizam e estigmatizam o sofrimento psicológico em comparação com o sofrimento físico. A prevalência do transtorno de sintomas somáticos na população adulta em geral pode ser em torno de 5 a 7%. Pessoas do sexo feminino tendem a relatar mais sintomas somáticos do que as do sexo masculino e, por conseguinte, é provável que a prevalência do transtorno de sintomas somáticos seja maior nelas.

É importante compreender que os sintomas são reais e causam sofrimento ao paciente, bem como causa prejuízo no âmbito pessoal, social e ocupacional. Porém, vale ressaltar que cabe aos profissionais (psicólogos, médicos, enfermeiros, nutricionistas, etc.), que lidam diariamente com tais queixas, o manejo entre não tratar com indiferença e descaso o discurso do seu paciente, bem como estar atento aos exageros, tentativas de manipulação e ganhos secundários que os pacientes também podem apresentar. Muitas vezes o profissional psicólogo e psiquiatra são os últimos a receber tal paciente, que chega ao consultório em um grau de sofrimento emocional muito grande e com diversos prejuízos de ordem física e, principalmente emocional.

 

Autora
Érica Maria Marciano Soares Daschevi

 

Referência bibliográfica
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM – 5. Porto Alegre: Artmed, 2014.