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Transtorno bipolar

O transtorno bipolar foi inicialmente descrito no ano I depois de Cristo por Araeteus da Capadócia, foi o primeiro momento em que a mania e a melancolia foram mescladas em uma única patologia. Atualmente, o Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) é compreendido como uma instabilidade do humor, que compreende períodos de mania, normalidade e períodos depressivos. Podem ocorrer mudanças na forma de pensar, de agir e de sentir a realidade.

Os primeiros sintomas podem ocorrer na entrada da vida adulta ou por volta dos cinquenta anos. O comportamento habitual de funcionamento e humor do sujeito com TAB começa a se modificar e é percebido de forma a causar estranheza em familiares e amigos. O sujeito com TAB apresenta esses sintomas e sofre grandes prejuízos pessoais, profissionais e materiais decorrentes de comportamentos extremos que antes não apresentava. Começam então a surgir grandes problemas em decorrência de um transtorno de humor não tratado.

Imagem Transtorno bipolar

Nos episódios de mania verifica-se um humor alterado, persistentemente elevado, expansível ou irritável associado com comportamentos de risco, impulsividade, agressividade, hiperatividade, redução da necessidade de sono, excesso do desejo sexual e sensação de grandiosidade. Podem ocorrer momentos de compras excessivas, relacionamentos sexuais impulsivos, uso abusivo de drogas, envolvimento descontrolado em jogos e outros comportamentos de risco.

Nos episódios de hipomania, ou seja, na fase com características do quadro depressivo grave, pode ocorrer diminuição das atividades, perda de interesse e prazer, falta de energia e motivação, perda ou excesso de peso, sentimento de inutilidade e culpa, fadiga, maior distratibilidade, pensamentos ativos de suicídio e outros sintomas. O risco de suicídio em pacientes com transtorno bipolar é alto, cerca de um quarto dos suicídios e um terço das tentativas de suicídio estão associadas e esse transtorno.

Há um período no qual ocorrem episódios tanto de mania, quanto de hipomania, denominados como episódios mistos. Neste quadro, ocorrem rápidas alternâncias do humor, períodos de tristeza e irritabilidade, agitação, insônia, alteração do apetite, ideação suicida e sintomas dos quadros anteriores.

O tratamento deve ser iniciado o mais breve possível, pois permite que o sujeito tenha um melhor convívio com esse transtorno e possibilita que não ocorram maiores danos em decorrência desses sintomas. Muitos pacientes quando estão em episódio maníaco não aceitam tratamento, pois não conseguem dimensionar as consequências dos atos, acreditando, muitas vezes, que não haverá consequências das ações, já em episódios depressivos, pode ocorrer a falta de interesse pela própria vida e consequentemente resistência ao tratamento, além disso, quando oscilam de um episódio depressivo para um episódio de mania pode ocorrer a falsa sensação de que houve uma melhora geral do quadro.

Devido a essas complexas condições o tratamento do paciente com transtorno afetivo bipolar exige o acompanhamento de uma equipe multiprofissional, além disso, se torna imprescindível a participação do núcleo familiar e social para o efetivo tratamento. Devem ser realizadas algumas mudanças no estilo de vida para que o tratamento tenha êxito. Entre as mudanças deve ocorrer a redução do nível de estresse diário, o uso regular de medicações e uma melhora nos padrões de alimentação e sono.

Autora
Kátia Lury Ozawa Ermenegildo

 

Referência bibliográfica

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM – 5. Porto Alegre: Artmed, 2014.

DEL PORTO J. A; DEL PORTO K. O. História da caracterização nosológica do transtorno bipolar Revista de Psiquiatria Clínica, vol 32, 2005.

DEL PORTO, José Alberto; MATEOS, Martin Alvarez, Transtorno Afetivo Bipolar. In FALCÃO, Luiz Fernando dos Reis (Org.). Manual de psiquiatria. São Paulo: Roca, 2014.